sexta-feira, 11 de abril de 2008

A SOMBRA

Era como a sombra de uma peneira, ou a sombra de um vulto. Naquele meio segundo de olhar em que o sentido escapa. E o olhar? Está escapando do quê? O que se passa? Por que não? Qual o problema? Medo do quê?

A sombra me incomodou, a vida inteira. Não tinha medo dela, mas eu a sentia, e o mundo insistiu para que desse sentimento viesse o medo. Daí, eu acharia que a sombra existe, porque o medo existe, e a vida é assim mesmo. A Vida não é assim. Medo de quê?

O melhor da vida é aquilo que não controlamos, o melhor da vida são os caminhos, são as pessoas. Elas são a vida, e o sentido de cada uma dessas partes é mutuamente preenchido, se bastam. O medo não existe. Não existe espaço para ele. Daí sofremos, sofremos muito, acabamos com o nosso mundo, com nossas bases, por causa dele. Medo de quê? De viver?

Se pecado existe, existe só um: não viver. Negar a Vida e a força que ela tem na gente. Ir contra essa força é um salto para o abismo. Ir contra isso é ir contra a realidade. É escolher se cegar, e, com passos cegos não enxergar a vida, não enxergar as pessoas. É viver sozinho. Como se a realidade fosse ruim, como se quando nos esforçássemos em compreender a verdade, ela mostrasse para a gente presas prontas para destroçar o primeiro vacilo que fosse ameaçado, o primeiro risco que decidíssemos correr, o primeiro sorriso que fosse dado. A realidade não é assim. A vida não é assim. Medo de quê?

Depois nos surpreendemos com aquela resposta bruta. Com o julgamento silencioso, com as coisas não ditas, com a vida que poderia ter sido e não foi. E em seguida achamos que o mundo não vale à pena, que a culpa é do ser humano. Que somos o câncer do mundo. E vamos dormir assim, e mal conseguimos dormir. E acordamos com trinta e três respostas brutas no bolso. Armados para quê? Medo de quê?

Por isso que as pessoas vivem assim, com medo de olhares, com medo de toques, com medo de “Quem é vc?”. Quem é você?

Por isso que entende completamente o que estas letras dizem mesmo sem saber responder a maior pergunta que elas fazem: medo de quê?

A realidade é a vida, é viver. O mundo é movimento, a felicidade é livre, e nós, só temos uns aos outros, e sempre vai ser assim, querendo ou não, não precisamos de correntes. Correntes não existem.

Prefiro os esbarrões, as linhas cruzadas, os sorrisos sem volta, os passos de risco. A vida é assim, simples. Como um vôo sublime, arriscado e bom. Medo de quê?

O medo não existe.

3 comentários:

Anônimo disse...

"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)

Feni Graves disse...

LIIIIII INTEIRINHO!!!!!



hahahahahahahahahaha


arrasou!
Serio vc é mto bom escritor de verdade.

Bjus

Anônimo disse...

Falou e disse !